Sobre o acervo iconográfico do MASC, exercícios de leitura
Rosângela Miranda Cherem
APRESENTAÇÃO
Os textos que compõem esta seleção constituem-se em trabalhos de graduandos do Curso de Artes Visuais–CEART/UDESC que cursaram as disciplinas Teoria e História da Arte V no primeiro semestre de 2014 e Teoria e História da Arte IV no segundo semestre do mesmo ano. Trata-se de jovens em formação artística que olham e tentam pensar artistas reconhecidos em diferentes momentos de sua produção e que fazem parte do acervo permanente do MASC. Foram produzidos como exercícios de leitura para que o repertório das vanguardas artísticas ganhasse um pouco mais de amplitude e pudesse ser compreendido como criação de problemáticas relacionadas à poética e à fatura, a qual continua reverberando até a atualidade e em diferentes lugares. Abaixo segue o plano de ensino das referidas disciplinas, a partir do qual o repertório inicial foi considerado.
TEORIA E HISTÓRIA DA ARTE V–2014-I
1. Ementa: O nascimento das vanguardas e a arte em tempos de entre-guerras. O panorama brasileiro: da abertura dos ismos na 2ª metade do século XIX (com o impressionismo) até as gramáticas pictóricas, movimentos e escolas em tempos de Guerra-fria. Articulações entre textos e questões do período com a contemporaneidade.
2. Objetivo Geral: Compreender a formação de um regime de verdades e um repertório imagético em relação ao alto modernismo e a arte moderna no Brasil, priorizando a atuação das vanguardas no período de entre-guerras.
3. Objetivos Específicos: Formar um repertório com/sobre obras de artistas deste período, devidamente identificadas em sua singularidade (título da obra, autor, data, dimensão material, de onde veio, onde se encontra, observações complementares) e também em seu agrupamento (efeitos de cintilação e sentidos conforme a composição serial); Identificar diferenças e semelhanças das principais sensibilidades e percepções artísticas sobre isto que se conhece como modernismo brasileiro; Abordar as imagens artísticas como fruto de uma combinação entre persistências e alterações, sobrevivências e metamorfoses, reverberando na atualidade.
4. Conteúdo:
4.1 Modernismo: alguns sentidos introdutórios
4.2 A semana de 22 como acontecimento (Deleuze: imagem-acontecimento)
A produção do moderno nos anos 20; Circuitos e identificações, memórias e identidades
A proliferações de revistas e manifestos; Experimentações em Flávio de Carvalho
4.3 A marca do passado (Baudrillard: a questão do paroxismo)
A antropofagia: Paulo Prado e Mário de Andrade; Ancestralidades: Vicente Rego Monteiro e Victor Brecheret
O peso colonial: Sérgio Buarque e Gilberto Freire; M. Martins e o erotismo como potência
4.4 A sensibilidade social (J. Rancière: a partilha do sensível)
Os retirantes de Portinari e as vidas secas de Graciliano; O herói sem caráter e a razão da infância
A guerra e a nação em L. Segall; Vizinhanças e afinidades: argentinos, cubanos, chilenos, mexicanos
4.5 As extimidades como questão de espaço-lugar (T.Chiarelli: nacional-internacional/ A. Fabris: moderno-contemporâneo)
Anita e Tarsila, particularidades femininas?; Onírico e decorativo em Guignard e Cícero Dias
O duplo Ismael Neri e em a sombra em Goeldi; As formas fotográficas: Manzon e Verger
4.6 A Geometria sensível como persistência e alteração da forma (H. Foucillon. A vida das formas)
A vida das formas: Torres Garcia e Volpi/-Picasso e o cubismo na América Latina
Concretos e neo-concretos, implicações e desdobramentos/- Os labirintos de H. Oiticica.
DISCIPLINA: TEORIA E HISTÓRIA DA ARTE IV- 2014- II
1. Ementa: O nascimento das vanguardas e a arte em tempos de guerra: da abertura dos ismos na 2ª metade do século XIX (com o impressionismo) até as gramáticas pictóricas, movimentos e escolas em tempos de Guerra-fria. Relações Oriente/Ocidente, Europa/Américas. Articulações entre textos e questões do período com a contemporaneidade.
2. Objetivos: A disciplina destina-se a: Formar um arsenal conceitual e imagético com as principais sensibilidades e percepções artísticas abrangendo do último quartel do século XIX até primeira metade do XX; Relacionar às obras do período estudado com o repertório bibliográfico, processando as informações em conhecimento, através de um campo de problemas.
3. Conteúdo:
3.1 O amanhecer das vanguardas ou quando a beleza fugiu do mundo.
Românticos e realistas: de boêmia (Sptizweg) e escândalos (Manet, Courbet)
A soleira do quarto (dos Nabis a E.Schiele) e a janela do mundo (Decadentistas e Pontilhistas)
Na lógica da sensação: o ser maçanesco, a cor dos fauves, a expressão de Southine, a luz do orfismo
Inclinações: o passado que retorna ( Redon, Moreau), o futuro que avança (futuristas)
Na lógica da abstração espacial: a matéria cubista, o espiritual ( Mallevitch, Mondrian e Kandisky).
3.2 Do luto ao processo de elaboração: novas formas, outro mundo.
Rodin e a reprodutibilidade
O primordial: H. Moore, Brancusi, B.Hepword e J.Arp
O caráter indiciário e M. Duchamp.
Das colagens à solda e outros procedimentos (de Picasso a J.Gonzalez)
A utopia construtivista e suas implicações (Tatlin, Rodchenko& cias./ Bauhaus& e seus desdobramentos).
3.3 Do luto ao processo de elaboração: o primitivo, o informe e outras metamorfoses.
Potências do primitivo (de Gauguin a Giacometti/ Caillois, Breton e Bataille/ Dali e Magritte/ M. Oppenheim e H. Belmer)
Cambiâncias: dadaístas e surrealistas
Do expressionismo abstrato à abstração pós-pictórica.
Arte bruta e informalismo
A americanização do modernismo/ crise x outras experimentações.
TEXTOS PARA DOWNLOAD
2. O desejo de modernidade – Kátia Adonai de Moura Marques
4. Notas sobre quatro artistas de um acervo – Manohead
5. Reflexões sobre a arte moderna em alguns trabalhos do MASC – Talita Andrade
6. O redescobrimento da arte no Brasil – Bruno Rodrigues D'Ávila
7. As gravuras mexicanas: um recorte do acervo do MASC – Luana Pavesi Pera
9. Dois modos de experimentar tendências "regionalistas" – Sebastião Gaudêncio Branco de Oliveira
10. O erotismo como potência na obra de Eli Heil – Cristine Bhadram
11. Pensando o acervo do MASC através das obras denominadas “Sem título” – Esther Lorizolla Cordeiro
Organização: Rosângela M. Cherem (Lattes)
Editoração e diagramação: Fernanda do Canto (Portfólio)